Caridade x consumo consciente

Segundo o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa – Caridade: s.f. Teologia Amor a Deus e ao próximo: a caridade é uma das três virtudes teologais. / Na expressão comum, amor ao próximo: agir por pura caridade. / Esmola, favor, benefício: fazer a caridade. / Bondade, compaixão.

Existem no mundo de hoje muitas pessoas necessitando de ajuda. Um dos casos é o das pessoas empobrecidas. A maioria das pessoas tem o ímpeto de ajudar e muito fazem nessa direção. Doando aquilo que não precisam,  comprando alimentos, brinquedos, roupas, realizando campanhas e eventos beneficentes. A intenção e a ação são legítimas. Mas, já há algum tempo praticando o consumo responsável e mais recentemente participando do movimento da Economia Solidária comecei a questionar algumas ações caridosas que eu mesmo fazia.

Dar doces na Páscoa, brinquedos no Natal às crianças empobrecidas, levar alimentos para campanhas beneficentes, doar as roupas que não me servem mais.

Daí comecei a pensar, que é mais importante?

Procurar agir nas causas desse empobrecimento?

Procurar agir no resultado, que são as pessoas vivendo em condições subumanas?

As causas são várias, algumas delas:

Êxodo rural: Latifúndios cada vez maiores, com cada vez menos donos empregando cada vez menos pessoas. Os agricultores sem alternativa no campo vêm para a cidade em busca de outras oportunidades de vida.

Falta de empreendedorismo: A educação no Brasil é direcionada ao emprego, com pouco espaço para o empreendedorismo. Falta de incentivos do governo, ser empreendedor no Brasil ainda é difícil. As multinacionais ganham vários benefícios e isenções para aproveitarem a mão de obra barata e escoar o lucro aos países “ricos”.

Aumento das importações: Quem não gosta de se sentir rico nas lojas de R$ 1,99? Tudo isso graças à abertura de nossas fronteiras e aos escravos, ou quase escravos da Índia, China, Taiwan, Filipinas e outros. Mas, no Brasil muitas empresas quebraram. Empresários nem tentam competir com os preços dos importados, fecham as portas ou importam produto similar, o que gera mais desemprego.

Bom, desisti de fazer essa caridade mais “direta”:

§  Comprar um brinquedo no R$ 1,99 no Natal;

§  Comprar uma caixa de bombom de uma multinacional na Páscoa;

§  Desisti de comprar alimentos de empresas que produzem monoculturas em latifúndios jogando agrotóxico de avião para eventos e campanhas beneficentes para as pessoas empobrecidas.

Empobrecidas graças às lojas de R$ 1,99, às multinacionais e aos latifúndios.

Quero atuar nas causas e não nos efeitos.

Minha criatividade está afinada já que penso 100 vezes antes de comprar qualquer coisa. Invisto bem meu dinheiro: pago um valor até 10x maior por um produto com a mesma função, mas com mais responsabilidade. Pondero como investir minha energia financeira num mundo melhor para todas as pessoas desde as “empobrecidas” até os executivos e empresários “ricos” que afinal sempre precisarão de água limpa, ar puro e amor.

Hoje consumo de forma responsável, ou tento, porque sempre há muito o que refletir e o que aprender!

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